Bom dia, meus saudosos leitores. Sei que todos que assinam o feed, salvam nos favoritos ou caem no blog sem querer, querem é ver críticas a propagandas. Sejam filmes, spots, banners de internet, anúncios e etc, todos querem deboche, escárnio. Querem ver o OCO. Querem ver os absurdos que as agências soltam por aí, até mesmo as grandes grifes da criatividade mundial.
E vocês estão certos.
Eles merecem o nosso desprezo. Assim como eu mereço o desprezo deles e de vocês, e todos merecem o veneno vil do Vamos Falar Mal.
Propaganda é fofoca. E fofoca é dispensável. Nós estudamos, nos especializamos e passamos nossos dias fazendo nada mais que fofoca.
"Meu cliente é melhor que o seu. Que logo horrível. Que layout de merda. Que título fraco."
Refazemos o título e o layout. Refazemos tudo. E o mandante dos crimes, chamado de "cliente", acha tudo lindo, tudo uma maravilha para o seu lixo de empresa.
Dizemos que a fábrica deles é sustentável. Que eles tratam o lixo. Que o atendimento é o melhor e os funcionários estão sempre sorridentes.
Sorridentes? Aquelas pessoas mal pagas, de uniformes sujos e com as caras ensebadas pelo desprezo do mundo não têm como estampar felicidade no atendimento.
Nem nós, publicitários fofoqueiros, que trabalhamos em salas brancas, limpas, com 17 ºC de temperatura, ouvindo nossas músicas internacionais em nossos fones phillips, temos felicidade intensa estampada em nossas faces pálidas de criatividade. Pobres atendentes da C&A, ou Riachuelo, ou Carrefour e etc. Pobres feirantes.
Vermes.
Somos vermes mentirosos. Pagos para mentir. E às vezes, o fazemos com prazer, com um sorriso de Coringa.
Rimos de combinações feias de cores. Odiamos erros de portguês. Mandamos reimprimir milhares de folhetos por uma simples falta de acento no título. E não sentimos pena das árvores derrubadas. Ninguém sente pena de nós.
Pena é para os fracos. Não queremos pena. Queremos o dinheiro das empresas. Afina, eles também não prestam. Pagam mal, mentem, sonegam impostos. Falcatruas, trambiques! É tudo parte do jogo, do bolo que criamos e alimentamos dia e noite. Um bolo complexo, sujo, enferrujado. Um bolo sem fim, que se embaraça como lã e corta como faca. Um bolo duro, eterno, impossível de alinhar. Um bolo de aço inox.
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